Ficoflórula associada a macrófitas aquáticas em lagoas temporárias do semiárido da Bahia, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17648/heringeriana.v16i1.918009

Palavras-chave:

ambientes efêmeros, cianobactérias, microalgas, Nordeste, perifíton

Resumo

O semiárido brasileiro abrange áreas territoriais de oito Estados, desde o Nordeste até o norte de Minas Gerais, apresentando duas estações climáticas bem definidas durante o ano, uma chuvosa (dezembro a abril), e outra seca (maio a novembro). Durante o curto período chuvoso são formadas as lagoas temporárias, ecossistemas que abrigam uma flora bastante peculiar de macrófitas, adaptadas às condições de alta incidência luminosa e a sazonalidade pluviométrica da região. Associada a essa flora aquática, ocorre uma rica comunidade perifítica, que inclui, por exemplo, bactérias, fungos, pequenos metazoários e, especialmente, uma ampla diversidade de microalgas e cianobactérias. Nesse contexto, o presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de caracterizar a ficoflórula perifítica associada às macrófitas aquáticas de lagoas temporárias do semiárido baiano.  A amostragem foi realizada em seis lagoas temporárias, localizadas ao longo da BA-052 (Estrada do Feijão), nos municípios de Ipirá (1 lagoa), Morro do Chapéu (3 lagoas), Baixa Grande (1 lagoa) e na BA-143, no Município de Piritiba (1 lagoa), nos meses de julho e setembro de 2013. Foram identificadas sete espécies de macrófitas e 43 táxons de microalgas e cianobactérias perifíticas. Este estudo pioneiro contribui para o preenchimento de lacunas de conhecimento sobre o perifíton de lagoas temporárias, evidenciando que, embora efêmeros, em função do padrão sazonal de chuvas, abrigam uma importante diversidade de macrófitas, bem como uma rica ficoflora. Estes produtores primários são essenciais para o funcionamento desses habitats temporários, proporcionando serviços ecossistêmicos para populações humanas, bem como contribuindo para a biodiversidade de regiões semiáridas.

Referências

Aguilera, A., Berrendero Gómez, E., Kaštovský, J., Echenique, R.O. & Salerno, G.L. (2018). The polyphasic analysis of two native Raphidiopsis isolates supports the unification of the genera Raphidiopsis and Cylindrospermopsis (Nostocales, Cyanobacteria). Phycologia 57(2): 130-146.

Bicudo, C. D. M. & Menezes, M. (2006). Gêneros de algas de águas continentais do Brasil (chave para identificação e descrições). São Carlos. Rima. 473p.

Bicudo, C. E. M. & Menezes, M. (2010). Introdução: As algas do Brasil. In: FORZZA, R.C. et al. Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, pp. 49-60.

Bicudo, D. C., Tremarin, P. I., Almeida, P. D., Zorzal-Almeida, S., Wengrat, S., Faustino, S. B., Costa, L. F., Bartozek, E. C. R., Rocha, A. C. R., Bicudo, C. E. M. & Morales, E. A., (2016). Ecology and distribution of Aulacoseira species (Bacillariophyta) in tropical reservoirs from Brazil. Diatom Research, 31(3), 199-215.

Brandini, F.P., Silva, E.T., Pelizzari, F.M., Fonseca, A.L.O. & Fernandes, L.F. (2001). Production and biomass accumulation of periphytic diatoms growing on glass slides during a 1-year cycle in a subtropical estuarine environment (Bay of Paranaguá, southern Brazil). Mar. Biol. pp. 163-171.

Camargo, V.M., & Ferragut, C. (2014). Estrutura da comunidade de algas perifíticas em Eleocharis acutangula (Roxb.) Schult (Cyperaceae) em reservatório tropical raso, São Paulo, SP, Brasil. Hoehnea, 41(1), pp. 31-40.

Campelo, M.J.A., Silva, C.S. & Amorim, M.C.C. (2009) Comunidade fitoplanctônica em lagoas temporárias do semiárido pernambucano, Brasil. Centro Científico Conhecer - Enciclopédia Biosfera, Goiânia. 5(8), 11 pp..

Costa, I.A.S., Azevedo, S.M.F. O., Senna, P.A.C., Bernardo, R.R., Costa, S.M. & Chellappa, N.T. (2006) Occurrence of toxin-producing cyanobacteria blooms in a Brazilian semiarid reservoir. Brazilian Journal of Biology, 66(1B): pp. 211-219. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1519-69842006000200005

Diniz, A. C. O., Diniz, L. P. & Melo Júnior, M. (2013) Registro fotográfico e variáveis abióticas de lagoas temporárias da caatinga de Pernambuco. In: XIII Jornada de ensino, Pesquisa e extensão – JEPEX 2013 – UFRPE: Serra Talhada, 09 a 13 de dezembro.

Esteves. F. A. (1998) Fundamentos em Limnologia. Ed. Interciência/FINEP. Rio de Janeiro, 226pp.

Furtado, O. M. F. D. M. (2018). Potencial para bioindicação e bioprospecção de microalgas e cianobactérias na Lagoa dos Índios, Macapá, Amapá. Programa de pós-graduação em ciências farmacêuticas, Universidade Federal do Amapá.

Graça, S., Garcia, M. J., & de Oliveira, P. E. (2007). Flora Diatomácea Moderna do Lago Estância das Águas Claras, Guarulhos (SP): Resultados Qualitativos. Revista Geociências-UNG-Ser, 6(1), 63-79.

Guiry, M. D. (2013). Taxonomy and nomenclature of the Conjugatophyceae (= Zygnematophyceae). Algae, 28(1), 1-29.

Guiry, M.D. & Guiry, G.M. (2022). AlgaeBase. World-wide electronic publication, National University of Ireland, Galway. https://www.algaebase.org; searched on 17 de fevereiro de 2022.

Houk, V. (2003). Atlas of freshwater centric diatoms with a brief key and descriptions. Part I. Melosiraceae, Orthoseiraceae, Paraliaceae and Aulacoseiraceae. Czech Phycology Supplement, Olomouc. 114 pp

Komárek, J., Kaštovský, J., Mareš, J., & Johansen, J. R. (2014). Taxonomic classification of cyanoprokaryotes (cyanobacterial genera) Taxonomic classification of cyanoprokaryotes (cyanobacterial genera) 2014, using a polyphasic approach. Preslia, 86, 295-33.

Kostygov, A. Y., Karnkowska, A., Votýpka, J., Tashyreva, D., Maciszewski, K., Yurchenko, V., & Lukeš, J. (2021). Euglenozoa: taxonomy, diversity and ecology, symbioses and viruses. Open Biology, 11(3), 200407.

Monte-Mor, R.C.A. (2012). Análise de processos hidrológicos em bacias de rios intermitentes no semiárido mineiro. UFMG, Belo Horizonte (MG). Belo Horizonte, UFMG, 307 pp.

Moura, M.S.B., Galvincio, J.D., Brito, L.T.L., Souza, L. S. B., Sá, I. I. S. & Silva, T.G.F. (2007) Clima e água de chuva no Semi-Árido. Embrapa Semiárido.

Maltchick, L. (2000). As lagoas temporárias do semi-árido. Ciência Hoje. Volume vinte e oito, n. 167, pp. 67-70.

Maltchik, L. & Pedro, F. (2001). Responses of Aquatic Macrophytes to Disturbance by Flash Floods in a Brazilian Semiarid Intermittent. Biotropica. Volume trinta e três (4), pp.566-572. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1744-7429.2001.tb00215.x

Marin, B., Palm, A., Klingberg, M., & Melkonian, M. (2003). Phylogeny and taxonomic revision of plastid-containing euglenophytes based on SSU rDNA sequence comparisons and synapomorphic signatures in the SSU rRNA secondary structure. Protist, 154(1), 99-145.

Montenegro, A. & Ragab, R. (2010) Hidrologycal response of a Brazilian semi-arid catchment to diferente land use and climate change scenarious: a modeling study. Hidrologycal processes. v. 24, pp. 2705-2723. DOI: https://doi.org/10.1002/hyp.7825

Moyà, G. & Conforti, V. (2009) Cyanobacteria and microalgae communities in temporary ponds. In: Arguimbau, P. F., Pons, E. C., Bassedas, A. C., International Conference on Mediterranean Temporary Ponds Proceedings & Abstracts. Volume dois. Menorca, pp.93-103.

Mühlsteinová, R., Hauer, T., De Lay, P. & Pietrasiak, N. (2018). Seeking the true Oscillatoria: a quest for a reliable phylogenetic and taxonomic reference point. Preslia (Prague) 90: 151-169.

Paina, K.A. (2018) Ecologia funcional de zooplâncton e divergência genética de Anostraca (Crustacea) em lagoas temporárias tropicais do noroeste de Minas Gerais. UFSCAR, São Carlos, pp. 11-15.

Panosso, R., Costa, I.A.S., Souza, N.R., Attayde, J.L., Cunha, S.R.S. & Gomes, F.C.F. (2007) Cianobactérias e cianotoxinas em reservatórios do Estado do Rio Grande do Norte e o potencial controle das florações pela Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Oecologia brasiliensis. vol 11, no 3, pp. 433-449. DOI: 10.4257/oeco.2007.1103.12

Pereira, M.C.T. (2017) Plantas aquáticas em lagoas temporárias do semiárido, nordeste do Brasil. Programa de Pós-Graduação em Botânica.

Pompêo, M. (2008) Monitoramento e manejo de macrófitas aquáticas. Oecologia brasiliensis, v. 12, n. 3, p. 5.

Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. (1990). The Diatom: biology and morphology of the genera. Cambridge University Press.

Sandes, M.A.L., Meyer, M., Souza Junior, N.N. & Moreira, M.C.B. (2006). Comunidade Fitoplanctônica e qualidade da água do Rio de Contas (Alto e Médio Contas – Semi-árido/BA). In. Modelos de Gestão das Águas Superficiais e Subterrâneas v6, pp. 41-53.

Silva, N. R. S. (2006). Microcrustáceos (Cladocera e Copepoda) de Rios Temporários da Bacia do Rio Jequiézinho (Bahia). Dissert. Mestrado: Programa de Pós-Graduação em Sistemas Aquáticos Tropicais. UESC, Ilhéus, Ba. 107p.

Taylor J.C., Harding W.R. & Archibald G.M., (2007). An illustrated guide to some common diatom species from South Africa. WRC report TT 282/07. 224 pp

Torres, C.R.M., Fernando, E.MP, & Lucena, M.F.A. (2016) Checklist de plantas aquáticas em trechos de caatinga do semiárido paraibano, Nordeste do Brasil. Gaia Scientia, v. 10, pp. 284-296.

Trindade, C. R. T., Pereira, S. A., Albertoni, E. F;, & Silva, C. P. (2010). Caracterização e importância das macrófitas aquáticas com ênfase nos ambientes límnicos do Campus Carreiros-FURG, Rio Grande, RS. In:Cadernos de Ecologia Aquática v5. n2., pp. 1-22.

Tsarenko, P.M. (2011). Trebouxiophyceae. In: Algae of Ukraine: diversity, nomenclature, taxonomy, ecology and geography. v. 3: Chlorophyta. (Tsarenko, P.M., Wasser, S.P. & Nevo, E. Eds), pp. 61-108.

Walter, I. C. G. (2004) Diatomáceas do Córrego do Veado e Ribeirao das Corredeiras, Sapodema, Paraná: Naviculineae (Bacillariophyceae). UFPA, Curitiba. 85 pp.

Downloads

Publicado

2022-10-31

Como Citar

Baião, V. M. de A. ., Affe, H. M. de J. ., Caires, T. A. ., Leite, K. R. B. ., & Nunes, J. M. de C. . (2022). Ficoflórula associada a macrófitas aquáticas em lagoas temporárias do semiárido da Bahia, Brasil. Heringeriana, 16(1), e918009. https://doi.org/10.17648/heringeriana.v16i1.918009

Edição

Seção

Artigos Originais